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Beschreibung

Este Manual Metodológico, que é o produto final do projeto “Escrever para além do Silêncio - Promoção das competências autobiográficas na ajuda a sobreviventes da violência de género” (Cofinanciado pela Comissão Europeia no âmbito do programa Daphne III), destina-se a organizações públicas e instituições que pretendem usar a abordagem autobiográfica no trabalho de apoio dado às mulheres que já sofreram algum tipo de violência., adotando e implementando as boas práticas produzidas pelo projeto. O principal objetivo deste Manual é ser uma ferramenta para educadores/as e formadores/as, para consultores/as que trabalham em instituições que garantem apoio a mulheres vítimas de violência. O Manual apresenta métodos que podem ser, mais tarde, desenvolvidos e aperfeiçoados, mas que são, indubitavelmente, um ponto de partida válido para a introdução de novas práticas baseadas na experiência concreta de todos/as aqueles/as que durante muito tempo trabalharam com competência e sensibilidade em profissões que prestam ajuda aos outros. Este Manual é o produto final do projeto e contém os principais resultados do trabalho feito, bem como os instrumentos que foram desenvolvidos.

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Escrever para além do Silêncio

Promover a competência autobiográfica ne ajuda a sobreviventes de violência de género

Aviso

Esta publicação e anexos foram produzidos com o apoio financeiro do Programa Daphne III, da União Europeia. Os conteúdos desta publicação e dos seus anexos são da exclusiva responsabilidade da Coordenador Libera Università dell’Autobiografia e dos seus parceiros (EAVN, CooLabora e Istituzione Solidea) e não podem ser tomadas como reflexo das visões da Comissão Europeia.

Este manual foi disponibilizado em Inglês, Grego, Italiano e Português, com o apoio de tradutores profissionais para alguns capítulos. A versão inglesa inclui todas as contribuições específicas dos parceiros. As versões em cada língua diferem nalgumas partes, por exemplo: o Anexo de versão inglesa do manual contém todos os artigos, enquanto as versões italiana, grega e portuguesa apresentam apenas o Anexo escrito pelos/as técnicos/as dos respetivos países. Também outras partes do manual podem variar devido a uma adaptação cultural.

Design e Layout de: Ada Ascari

© 2015 LIBERA UNIVERSITA’ DELL’AUTOBIOGRAFIA – Este trabalho pode ser reproduzido e redistribuído, todo ou em parte, sem alterações e sem autorização escrita prévia desde que a fonte tenha conhecimento.

ISBN:

Commons rights registration

Prefácio

Stefania Bolletti

Pesquisa, planificação e desenvolvimento do pensamento, identificar novos caminhos educativos afirmando o valor da escrita, constituem os elementos de um projeto que foi concebido e desenvolvido em Itália, mais precisamente na aldeia medieval de Anghiari, na Toscânia, graças à contribuição, compromisso e paixão de muitos homens e mulheres que, juntos, deram origem a uma comunidade científica com uma prática única na cena italiana: a Libera Università dell’Autobiografia (Universidade Aberta de Escrita Autobiográfica).

A Libera Università dell’Autobiografia é uma associação cultural que desde 1998, o ano em que foi fundada, procura ser um lugar que acolhe todos/as aqueles/as que desejam refletir, aprofundar e testar o valor da escrita autobiográfica. A associação apresenta-se como uma comunidade em constante evolução que, através da experiência construída por indivíduos e grupos a ela pertencentes, nos diversos territórios de referência ou campos disciplinares, prospera não apenas em contributos teóricos, mas também nos resultados de atividades experimentais e inovadoras desenvolvidas “no terreno”, que gera novas orientações e novos espaços de reflexão.

Os objetivos autodidatas da abordagem autobiográfica que constituem os elementos fulcrais das atividades desenvolvidas na Libera Università dell’Autobiografia de Anghiari são a promoção e apoio às possibilidades que cada ser humano pode expressar ao reler e reinterpretar as experiências passadas, que são uma parte íntima de nós, que seguem cada mudança que nós fazemos e que contemplam, também, acontecimentos dolorosos.

Quando as experiências humanas são reprocessadas através da narração e escrita autobiográfica, elas produzem conhecimento sobre nós próprios/as e sobre a nossa vida num contexto sociocultural e tornam-se a parte viva de uma história. A nossa história. Narrar a própria história significa prosseguir na direção da pesquisa: uma pesquisa que pode ligar, de acordo com o próprio enredo, os acontecimentos que foram experienciados e que correm o risco de serem esquecidos, flutuando num espaço indistinto.

Revisitar a nossa história oferece a oportunidade de narrar essa história a nós próprios/as e aos outros, partilhar condições existenciais que se julgava serem indizíveis, tentar dar uma explicação aos acontecimentos nos quais fomos protagonistas e tentar atribuir significado às nossas ações. O projeto Escrever para além do Silêncio adotou esta visão que se caracteriza por dar valor à palavra escrita e na qual os/as especialistas, profissionais e mulheres que experienciaram a violência, construíram um espaço onde testar o grande potencial que a escrita oferece ao lidar com condições de desconforto existencial, sofrimento e dor causadas pela violência contra as mulheres. Um espaço onde é possível confiar a alguém a narração e a escuta mútua, sentir a nossa presença e proximidade, trazer à luz o indiscritível ao ser bem-vindo pelo Outro.

Apesar de terem sido adotadas medidas importantes e disposições legais ao nível europeu (Diretiva EU 2012/29 sobre as vítimas e a Convenção de Istambul assinada em 2011) desenhadas para lidar com as diversas formas de violência contra as mulheres (psicológica, perseguição, violência física…) de uma maneira global e para estimular os Estados Membros a introduzirem na sua legislação disposições para prevenir e reprimir tais atos que são considerados violações dos direitos fundamentais, é, no entanto, necessário acrescentar a estas medidas o desenvolvimento da investigação e providenciar incentivos às muitas organizações na sociedade civil que, na prática e com abordagens inovadoras, lidam com o fenómenos da violência e com o silêncio que acompanha tais acontecimentos. Demasiadas mulheres ainda acham difícil apresentar queixa das suas experiências e resguardam-se no silêncio.

Um silêncio que não é um espaço vazio: dentro desse silêncio existe um diálogo interno constante sobre a memória inesquecível que impede a possibilidade de recuperar qualquer vestígio de significado existencial, relacional e afetivo por causa do fardo não processado do trauma. Recentes abordagens biográficas e narrativas mostram que a narração é um elemento central nas vidas dos seres humanos. A narração individual de histórias gera a organização mental de uma biografia pessoal que, quando adequadamente interligada com as histórias de outras vidas, contribui para dar sentido às experiências e vidas pessoais.

De facto, as nossas vidas são constantemente interligadas com narrações, com histórias que nós contamos ou que outros nos contam (nas mais diversas formas), histórias que nós sonhamos ou imaginamos ou gostaríamos de ser capazes de contar. São todas processadas na história da nossa vida, a história que contamos a nós mesmos/as num longo e episódico, por vezes inconsciente, virtualmente interrompido, monólogo.

No projeto Escrever para além do Silêncio os aspetos teóricos e metodológicos juntaram-se à experiência prática daqueles/as que todos os dias cruzam as suas vidas com as das mulheres que estão à procura de alguém que as oiça e ajude a suportar o seu desconforto: deste encontro emergiram reflexões que deram um novo estímulo a todos os campos envolvidos na investigação, proporcionando uma troca mútua e reconhecimento do valor expresso por esta prática. As pessoas que fizeram parte do projeto, dando substância aos seus conteúdos, deram uma preciosa contribuição derivada do seu trabalho e da sua aplicação aos casos reais, foram capazes de analisar e apreciar os resultados desta nova metodologia. As histórias escritas pelas mulheres que foram capazes de falar sobre a sua experiência, enquanto resultado da aplicação da abordagem autobiográfica, representam um dos resultados do projeto.

Este Manual Metodológico, que é o produto final do projeto Escrever para além do Silêncio, destina-se a organizações públicas e instituições que pretendem usar a abordagem autobiográfica no trabalho de apoio, adotando e implementando as boas práticas produzidas pelo projeto. O principal objetivo deste Manual é ser uma ferramenta para educadores/as e formadores/as, para consultores/as que trabalham em instituições que garantem apoio a mulheres vítimas de violência. O Manual apresenta métodos que podem ser, mais tarde, desenvolvidos e aperfeiçoados, mas que são, indubitavelmente, um ponto de partida válido para a introdução de novas práticas baseadas na experiência concreta de todos/as aqueles/as que durante muito tempo trabalharam com competência e sensibilidade em profissões que prestam ajuda aos outros.

O projeto

Descrição do Projeto

Virginia Meo

Pode a escrita autobiográfica ser um instrumento para “Autotratamento” das mulheres que experienciaram a violência? Escrever sobre os episódios da própria vida pode ajudar a repensar a sua história, tornando-as conscientes de aspetos novos e, por vezes, inesperados de si mesmas? Quais são os requisitos para que tal prática possa ser usada no suporte fornecido pelos/as profissionais dos centro anti violência e pelos serviços de apoio e qual o tipo de formação de que precisam? Estas são as perguntas a que o projetoEscrever Para Além do Silêncio- Promoção das competências autobiográficas na ajuda a sobreviventes da violência de género” (JUST/2012/DAP/AG/3448) tem tentado responder.

Cofinanciado pela Comissão Europeia no âmbito do programa Daphne III, o projeto foi coordenado pelade Anghiari (LUA) e implementado em parceria com a(Itália),(Portugal) e(Grécia). O acompanhamento foi realizado pela(Itália),(Portugal) e o(Grécia), nas suas competências enquanto parceiros associados.

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